terça-feira, 7 de maio de 2013

O que podemos aprender com um quintal grande


Meu avô materno, quando faleceu, deixou uma casa para minha mãe. Esta casa era muito simples, mas havia uma coisa boa, ela tinha um quintal enorme.

Obviamente, quintais grandes têm suas vantagens e desvantagens. E uma das desvantagens para um garoto de 9, 10 anos era que o mato crescia mais rápido do que eu podia imaginar. É neste ponto que entra meu tio, que chamávamos, não sei por que, de tio “Nezinho”. A esta altura, por motivos alheios a minha vontade, eu era o “homem” da casa e meu tio, que morava praticamente ao lado da nossa casa, diariamente, dizia-me que eu deveria capinar o terreno porque, caso contrário, o mato entraria em casa.

Pois bem, “administrei” a situação por algumas semanas, até que percebi que o mato realmente estava entrando em casa. Meu tio, quando percebeu que eu não havia capinado, veio me indagar: Menino! O mato está entrando em casa e você não vai limpar isso? Usando de minhas artes de menino, disse: tio, não tenho ferramentas e nem sei como capinar. E ele  respondeu-me: Espere um pouco. Rapidamente ele voltou com uma inchada na mão e disse-me: eu vou lhe mostrar como se faz e você vai aprender. O quintal tinha aproximadamente 150 metros quadrados e eu pensei: Meu Deus, isto não vai terminar nunca! Mas, nem tudo estava perdido! Neste ato de me ensinar, ele capinou cerca de 30 metros quadrados! Como sempre fui bom em matemática, não foi difícil chegar á conclusão de que se ele me ensinasse algumas poucas vezes o quintal ficaria totalmente limpo e a tarefa concluída. Então, resolvi que começaria a pensar em capinar somente quando meu tio estivesse próximo de chegar do trabalho, assim eu o chamaria para me ensinar e ele me “ajudaria”. Desta forma, ele ficaria orgulhoso de me ensinar e eu ficaria orgulhoso em ter o quintal limpo. Você pode estar pensando: este menininho é um tremendo de um vagabundo. Opa lá! Segundo Bob Thaves, criador da “tirinha” de jornal “Frank & Ernest, vagabundo é quem não tem o que fazer. Eu tinha, só não fazia...!” Eu era mesmo muito “esperto”, mas esqueci de que o mato cresce rápido e que minha tática não iria muito longe. Resumindo, tive que aprender a fazer o trabalho, e aprendi muito rápido, mas não posso negar que foi divertido o processo de aprendizagem. Coloquei esta história verídica neste artigo para dizer algumas coisas valiosas que aprendi neste quintal: Sempre que uma tarefa for demasiada grande e você não possuir todas as habilidades e conhecimentos necessários para executá-la, siga, entre outras coisas, estes dois passos:

1º Procure alguém que domine a tarefa! Alguém que tenha a habilidade que você ainda não tenha, alguém que olhe para sua tarefa e a considere insignificantemente simples! Peça ajuda, aprenda, aumente sua capacidade de realizar a tarefa - você verá como será mais razoável aprender nessas circunstâncias.

2º Não se importe com o tamanho da tarefa! Faça uma parte por dia, mesmo que pareça que você nunca vai terminar. Eu garanto, você vai terminar! Todo lavrador que lavra a terra sabe que o terreno é extenso e que vai levar dias para terminar a tarefa. Mas ele sabe o quanto de semente ele planta por dia. A parábola sobre como comer um elefante ilustra bem esta situação. Toda vez que você tiver que comer um elefante, coma devagar, um pedaço por dia, porque comer um elefante requer tempo e não dá para comer de uma só vez. É preciso aprender a plantar um pouco de semente a cada dia.