Com que frequência ouvimos esta frase? É mais comum do que imaginamos. Dá um ar de alívio e missão cumprida. Esta frase é nova, mas o conceito que esta por trás dela é mais velho do que andar para frente.
Esta frase pode ser comparada, facilmente, com outras do nosso cotidiano, como: Eu já mandei fazer, eu já fiz a requisição, eu já mandei o pedido, eu já dei todas as informações, já dei as instruções, já mandei buscar, já mandei comprar e a lista do “EU JÁ” é longa.
Quem diz estas frases geralmente acha que, após proferir a “sentença” do “EU JÁ”, não tem mais nada para fazer, a não ser esperar o resultado. E o resultado não pode ser outro, a não ser, tragédia. Tudo acima é necessário, mas, no entanto, longe de ser o final do caminho.
Chega a ser covardia dizer a um subordinado ou colega de trabalho as frases: “Eu já isso, eu já aquilo”. Como líderes, temos de, irrefutavelmente, assumir nossas responsabilidades, se alguma coisa não der certo, de alguma forma, eu também sou responsável. Precisamos entender que temos que falar e depois falar de novo. Precisamos orientar e depois orientar de novo. Precisamos informar e depois informar de novo. Você pode me perguntar: quando isso termina? E a resposta é: enquanto você trabalhar com seres humanos, isso não termina, nunca. Ficou desapontado? Agora sou eu que tenho uma pergunta: Quando é que você termina de orientar o seu filho? Quando ele faz 18 anos? Quando casa? Quanto ele tem o primeiro filho? Talvez a resposta a estas perguntas lhe ajude a não ficar tão desapontado.
Com muita frequência você assiste nos jornais de que o governo tem metas, por exemplo, meta de crescimento e meta de inflação, mas não basta convencionar a meta e entregar na mão dos agentes e do mercado. É preciso a todo tempo fazer correções, para que tudo convirja para o centro da meta.
Um exemplo para que você possa visualizar isso é pensar no técnico de futebol: ele já orientou durante os treinos da semana, já falou durante a preleção, já falou durante a escalação, já mostrou os vídeos, já falou os pontos fortes e fracos da outra equipe, já pediu para não fazer falta perto da área e, nem por isso, na hora do jogo, fica calado esperando o resultado. Ele sabe que tem que estar ali para corrigir os desvios e falar tudo que já disse novamente. Por que falar de novo? Será que as pessoas têm dificuldade em entender ou com ordens? Não! A resposta é simples! As pessoas precisam de pessoas! Precisam olhar para o lado e saber que tem alguém ao lado delas. E por que precisam de alguém ao lado delas? Primeiro, porque são seres humanos. Segundo, para ajudar na caminhada, para auxiliar nas dúvidas, para dirimir qualquer interferência que surja no processo, para dar motivação e, sobre tudo, para se inspirarem.
Nas atividades rotineiras surgem dezenas de coisas que precisam ser feitas e que acabam tirando, temporariamente, nosso foco do objetivo principal. É justamente neste momento que entra a figura do “líder treinador”. É nesta hora que ele entra e diz: “Não esqueça que isto é importante”, “está tudo bem com as entregas?”, “O que precisa para fechar aquele negócio?”, “Como vão aqueles relatórios?”, “Conseguiu falar com aquele cliente?”, “Precisa de mim para alguma coisa?”, “Estou disponível caso haja algum problema”, e assim por diante.
As pessoas precisam olhar para o lado e ver alguém que as motive, que lhes mostre novamente a direção. Alguém que além da preocupação com os negócios e com a empresa, esteja preocupado, sinceramente, com as realizações pessoais e profissionais dos seus liderados.
É preciso que as pessoas vejam o líder como um “artista”, um “ponto fora da curva”. O resultado de tudo que conheço vem de pessoas. Se resultado só vem de pessoas, elas têm que estar no centro de tudo. “Por incrível que possa parecer”, as pessoas são mais importantes que as coisas. Precisamos estar perto, ouvindo com empatia, olhando atentamente, indo mais longe que o habitual, saber quais são os seus sonhos e metas e nos empenharmos, sinceramente, para ajudá-las.
Se quisermos ganhar mais do que “dinheiro”, se quisermos realmente deixar um legado, o caminho certamente passa por estas recomendações e segue para outras, ainda mais profundas e complexas